Outros transtornos de desenvolvimento parecidos incluem:
- Síndrome de Rett: muito diferente do autismo, só ocorre no sexo feminino
- Transtorno desintegrativo da infância: doença rara em que uma criança adquire as habilidades e depois esquece tudo antes dos 10 anos de idade
- Transtorno de desenvolvimento pervasivo: não especificado, também chamado de autismo atípico.
Fatores de risco
Alguns fatores são considerados de risco para o desenvolvimento do autismo. Confira:
- Sexo: meninos são de quatro a cinco vezes mais propensos a desenvolver autismo do que meninas
- Histórico familiar: famílias que já tenham tido algum integrante com autismo correm riscos maiores de ter outro posteriormente. Da mesma forma, é comum que alguns pais que tenham gerado algum filho autista apresentem problemas de comunicação e de interação social eles mesmos
- Outros transtornos: crianças com alguns problemas de saúde específicos tendem a ter mais riscos de desenvolver autismo do que outras crianças. Epilepsia e esclerose tuberosa estão entre esses transtornos
- Idade dos pais: quanto mais avançada a idade dos pais, mais chances de a criança desenvolver autismo até os três anos.
Sintomas
Buscando ajuda médica
Crianças, em geral, dão os primeiros sinais de autismo logo no primeiro ano de vida. Se você notar qualquer sinal do transtorno em seu filho, converse com um médico. Ele poderá recomendar exames específicos. Os comportamentos da criança de alerta são:
- Não responder com sorriso ou expressão de felicidade aos seis meses
- Não imitar sons ou expressões faciais aos nove meses
- Não balbuciar aos 12 meses
- Não gesticular aos 12 meses
- Não dizer nenhuma palavra aos 16 meses
- Não dizer frases compostas de pelo menos duas palavras aos 24 meses
- Perder habilidades sociais e de comunicação em qualquer idade.
Diagnóstico e Exames
Na consulta médica
É provável que um pediatra consiga fazer o diagnóstico de autismo, analisando os sintomas. No entanto, você pode ser encaminhado para um centro especializado em que equipe multidisciplinar avaliará a criança.
Como as consultas costumam ser breves e há muitas informações e perguntas para cobrir, é uma boa ideia estar bem preparado. Aqui estão algumas informações para ajudar no diagnóstico mais rápido:
- Anote quaisquer sintomas que você está enfrentando, inclusive os que podem parecer sem relação com o motivo pelo qual você agendou a consulta
- Anote as informações pessoais importantes, incluindo quaisquer tensões principais ou mudanças de vida recentes
- Faça uma lista de todos os medicamentos, bem como de quaisquer vitaminas ou suplementos que você está tomando
- Leve um membro da família ou amigo junto. Às vezes pode ser difícil lembrar todas as informações fornecidas durante a consulta. Alguém que acompanha você pode se lembrar de algo que você perdeu ou esqueceu.
O que esperar do médico?
Médicos costumam fazer várias perguntas. É importante estar preparado para respondê-las. Confira alguns exemplos de questões que poderão ser levantadas por um especialista:
- Quais comportamentos em específicos levaram você a procurar ajuda médica para seu filho?
- Quando os primeiros sintomas começaram?
- Esses comportamentos atípicos são frequentes ou ocasionais?
- Quais os hábitos favoritos de seu filho?
- Seu filho interage com familiares e outras crianças?
- Sua família tem histórico de autismo ou algum outro transtorno cerebral?
Diagnóstico de Autismo
O médico procurará por sinais de atraso no desenvolvimento da criança. Se observados os principais sintomas do autismo, ele encaminhará a criança em questão para um especialista, que poderá fazer um diagnóstico mais exato e preciso. Geralmente, ele é feito antes dos três anos de idade, já que os sinais do transtorno costumam aparecer cedo.
Para realizar o diagnóstico, o médico utiliza o critério do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria. Segundo ele, a criança poderá ser diagnosticada com autismo se apresentar pelo menos seis dos sintomas clássicos do transtorno.
Exames
Todas as crianças devem fazer exames de desenvolvimento de rotina com o pediatra. Podem ser necessários mais testes se o médico ou os pais estiverem preocupados. Para autismo, isso deve ser feito principalmente se uma criança não atingir marcos de linguagem.
Essas crianças poderão fazer uma avaliação auditiva, teste de chumbo no sangue e teste de triagem para autismo, como a lista de verificação de autismo em crianças (CHAT) ou o questionário para triagem de autismo.
Um médico experiente no diagnóstico e tratamento de autismo normalmente é necessário para fazer o diagnóstico. Como não há testes biológicos para o autismo, o diagnóstico muitas vezes será feito com base em critérios muito específicos.
Uma avaliação de autismo normalmente inclui um exame físico e neurológico completo. Pode incluir também alguma ferramenta de exame específica, como:
- Entrevista diagnóstica para autismo revisada (ADIR)
- Programa de observação diagnóstica do autismo (ADOS)
- Escala de classificação do autismo em crianças (CARS)
- Escala de classificação do autismo de Gilliam
- Teste de triagem para transtornos invasivos do desenvolvimento.
As crianças com autismo ou suspeita de autismo normalmente passarão por testes genéticos em busca de anomalias nos cromossomos.
O autismo inclui um amplo espectro de sintomas. Portanto, uma avaliação única e rápida não pode indicar as reais habilidades da criança. O ideal é que uma equipe de diferentes especialistas avalie a criança com suspeita de autismo. Eles podem avaliar: comunicação, linguagem, habilidades motoras, fala, êxito escolar e habilidades de pensamento.
Tratamento e Cuidados
Tratamento de Autismo
Não existe cura para autismo, mas um programa de tratamento precoce, intensivo e apropriado melhora muito a perspectiva de crianças pequenas com o transtorno. A maioria dos programas aumentará os interesses da criança com uma programação altamente estruturada de atividades construtivas. Os recursos visuais geralmente são úteis.
O principal objetivo do tratamento é maximizar as habilidades sociais e comunicativas da criança por meio da redução dos sintomas do autismo e do suporte ao desenvolvimento e aprendizado.
Mas a forma de tratamento que tem mais êxito é o que é direcionado às necessidades específicas da criança. Um especialista ou uma equipe experiente deve desenvolver o programa para cada criança. Há várias terapias para autismo disponíveis, incluindo:
- Terapias de comunicação e comportamento
- Medicamentos
- Terapia ocupacional
- Fisioterapia
- Terapia do discurso/linguagem
Existem diversos programas para tratar problemas sociais, de comunicação e de comportamento que estejam relacionados ao autismo. Alguns desses programas focam na redução de problemas comportamentais e na aprendizagem de novas habilidades. Outros procuram ensinar crianças a como agir em determinadas situações sociais e a como se comunicar propriamente. Um desses programas é a ABA, sigla em inglês para Análise Aplicada do Comportamento, muito utilizado em crianças pequenas com algum distúrbio dentro do espectro do autismo. A ABA usa uma abordagem de aprendizado individual que reforça a prática de várias habilidades. O objetivo é que a criança se aproxime do funcionamento normal do desenvolvimento. Os programas de ABA normalmente são feitos na casa da criança sob a supervisão de um psicólogo comportamental.
Outro programa bastante recorrente como alternativa de tratamento é o TEACCH (sigla em inglês para Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados à Comunicação), que utiliza outros recursos visuais que ajudam a criança a trabalhar de forma independente e a organizar e estruturar seu ambiente.
O TEACCH tenta melhorar as habilidades e a adaptação de uma criança, ao mesmo tempo que aceita os problemas associados aos distúrbios dentro do espectro do autismo. Diferentemente dos programas de ABA, os programas TEACCH não esperam que as crianças atinjam o desenvolvimento normal com o tratamento.
Medicamentos
Não existem medicamentos capazes de tratar os principais sintomas do autismo, mas, muitas vezes, são usados medicamentos para tratar problemas comportamentais ou emocionais que os pacientes com autismo apresentem, como agressividade, ansiedade, problemas de atenção, compulsões extremas que a criança não pode controlar,
hiperatividade, impulsividade,
irritabilidade, alterações de humor, surtos,
dificuldade para dormir e ataques de raiva.
Dieta
Nem todos os especialistas concordam que as mudanças na dieta fazem diferença, nem todas as pesquisas sobre esse método mostraram resultados positivos, mas se você está considerando essas ou outras alterações alimentares como via de tratamento para seu filho, é recomendável uma conversa com um gastroenterologista (especialista no sistema digestório) e com um nutricionista.
Algumas crianças com autismo parecem responder a uma dieta sem glúten ou sem caseína. O glúten é encontrado em alimentos que contêm trigo, centeio e cevada. A caseína é encontrada no leite, no queijo e em outros produtos lácteos.
Outras abordagens
Existem muitos tratamentos anunciados para o autismo que não têm base científica e histórias de "curas milagrosas" que não atendem às expectativas. Se seu filho tem autismo, pode ser útil falar com outros pais de crianças autistas e com especialistas em autismo. Acompanhe o avanço das pesquisas na área, que está se desenvolvendo rapidamente.
Um exemplo desses tratamentos precoce são as infusões de secretina. Houve muita empolgação com esse método de tratamento no passado. Agora, depois de muitas pesquisas realizadas em vários laboratórios, é possível que a secretina não faça nenhum efeito para crianças com autismo. No entanto, as pesquisas continuam.
Medicamentos para Autismo
Os medicamentos mais para o tratamento de autismo são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Convivendo (prognóstico)
Autismo tem cura?
Não há cura para o autismo. No entanto, existe uma série de métodos de habilitação de aprendizagem e desenvolvimento para que as pessoas com espectro de autismo tenham uma boa qualidade de vida. (4)
Diagnóstico e Exames
Complicações possíveis
O autismo pode estar associado a outros distúrbios que afetam o cérebro, como a
Síndrome do X frágil, déficit intelectual e esclerose tuberosa. Algumas pessoas com autismo podem, também, desenvolver convulsões.
O estresse de lidar com o autismo pode levar a complicações sociais e emocionais para a família e os cuidadores, bem como para a própria pessoa com autismo. Por isso, acompanhamento psicológico tanto para um, quanto para o outro é essencial.
Convivendo/ Prognóstico
O autismo continua sendo um distúrbio difícil para as crianças e suas famílias, mas a perspectiva atual é muito melhor do que na geração passada. Naquela época, a maioria das pessoas com autismo era internada em instituições.
Hoje, com o tratamento correto, muitos dos sintomas do autismo podem melhorar, mesmo que algumas pessoas permaneçam com alguns sintomas durante toda a vida. A maioria das pessoas com autismo consegue viver com suas famílias ou na sociedade.
A perspectiva depende da gravidade do autismo e do nível de tratamento que a pessoa recebe. Procurar ajuda de outras famílias que tenham parentes com autismo e por profissionais que deem o suporte necessário aos parentes também é uma alternativa interessante.
Prevenção
Prevenção
Não há uma fórmula correta para prevenir o autismo, mas estudos recentes mostram que o papel da herança genética para o desenvolvimento do transtorno não é tão grande como se supunha. Os genes desempenham 50% das chances de uma criança vir a ter autismo. Ou seja, em pelo menos metade dos casos não há muito o que fazer contra a genética humana. Mas os outros 50% correspondem a fatores externos, muito relacionados ao ambiente em que a criança cresce e a hábitos comportamentais. Isso abre um campo enorme de pesquisa, especialmente no que diz respeito à prevenção do autismo.
Referências
Revisado por Dra. Evelyn Vinocur, psiquiatra e mestre em neuropsiquiatria pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e psicoterapeuta cognitivo comportamental, especializada em Saúde Mental da Infância e Adolescência pela Santa Casa de Misericórdia do Estado do Rio de Janeiro (SCMRJ) e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Membro associado da Associação Brasileira de Psiquiatria (CRM-RJ: 303514)
(1) DSM-V, American Psychiatric Association - Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais 5ªed. Edit. Artes Médicas
(2) Organização Mundial da Saúde (OMS)
(3) Journal of American Medical Association (JAMA)
(4) The National Autistic Society
(5) Centers for Disease Control and Prevention (CDC)