sexta-feira, 28 de junho de 2019

Ácido hialurônico: um tratamento complementar para artrose do joelho
Os efeitos do tratamento incluem redução da ativação de células inflamatórias, analgesia prolongada e estabilização da degradação da matriz cartilaginosa
A doença cartilaginosa, tanto a traumática aguda, quanto a degenerativa, conhecida aqui no Brasil como artrose é uma doença de origem multifatorial que leva à degeneração da cartilagem articular, afetando todos os componentes da articulação. É um processo lento, progressivo e desabilitante, com alta prevalência na população adulta ativa, ligada a práticas esportivas. Estima-se que cerca de 40% dos indivíduos com mais de 65 anos sofrem de sintomas associados com artrose dos joelhos ou dos quadris.
As principais opções de tratamento não cirúrgico incluem analgésicos, anti-inflamatórios não hormonais (AINH) corticosteroides orais, drogas modificadoras da doença destacando-se a glicosamina, a condroitina, extrato insaponificável de soja e de abacate e as injeções intra- articulares de corticosteroides e de ácido hialurônico (visco suplementação).
O que é o acido hialurônico?
O acido hialurônico é produzido naturalmente por células da membrana sinovial e, junto a outras moléculas, compõe o “liquido sinovial “, responsável pela lubrificação e nutrição do tecido cartilaginoso.
A criação do acido hialurônico exógeno (sintético) para a infiltração articular começou nos anos 90. Inicialmente, acreditava-se que seu efeito seria puramente por mecanismo hidráulico. Ou seja, aumentando a superfície de contato cartilaginosa e assim reduzindo se a pressão articular.
Quais seus efeitos na articulação?
Os bons resultados iniciais encorajaram a comunidade científica a estudar melhor o efeito biológico dos produtos e pesquisas publicadas em revistas científicas médicas nos últimos cinco anos mostraram efeito surpreendentes quem incluem:
- Redução da ativação de células inflamatórias responsáveis pelo desencadeamento da cascata inflamatória que causa destruição articular da artrose.
- Estímulo da produção do próprio acido hialurônico (endógeno), com melhoria da viscosidade do líquido sinovial.
- Estabilização da degradação da matriz cartilaginosa.
- Estímulo da produção de células cartilaginosas e do colágeno tipo II.
- Ação direta e receptores de dor articular causando analgesia prolongada .
O resultado destes estudos levou a indústria farmacêutica a focar cada vez mais suas linhas de pesquisa na criação de produtos que pudessem melhorar esses efeitos e permanecerem mais tempo na articulação. Recentemente, produtos com concentração aumentada por cm3 e alguns contendo produtos como o manitol .
Quem deve ser submetido à visco-suplementação?
A indicação da visco-suplementação varia de paciente para paciente e a composição do produto, pelo grau da lesão cartilaginosa. É importante que além dos exames de imagem, seja feito um teste biomecânico direcionado ao esporte para avaliar a função muscular afetada pela doença pré-existente.
A visco-suplementação nunca deve ser instituída como terapia única e sim sempre associada a uma boa reabilitação, seguida de fortalecimento e reequilíbrio muscular. Pessoalmente, considero o procedimento como adjuvante à reabilitação tradicional e NUNCA como mono terapia.
Apesar de controverso, alguns médicos do esporte nos EUA, baseados no conceito de que “quem pratica mais esporte, degrada mais cartilagem" realizam o procedimento em atletas profissionais sem queixas no joelho, visando a possível prevenção da artrose.
É importantíssimo que o médico explique muito bem os efeitos desejados da infiltração, possíveis efeitos colaterais e que o paciente tenha sempre em mãos o nome do produto utilizado na infiltração. Infelizmente, é muito comum atender pessoas que não sabem que produto foi utilizado em seu joelho.
Nos próximos anos, pesquisas futuras sobre os efeitos articulares deverão ser publicadas. Provavelmente, novos produtos deverão ser lançados no mercado, visando cada vez mais, benefícios biológicos e mecânicos à cartilagem, bloqueando a evolução da doença.
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