Menina de nove anos supera problemas de saúde e se torna faixa preta mais jovem do Brasil
Aos quatro anos, de mãos dadas com sua mãe Norma Silvana, uma menina franzina e pequenina chamada Maria Rita dos Santos Pereira dava um passo gigante para mostrar aos médicos que, realmente, um milagre havia acontecido. A cidadã meritiense, moradora da “faixa de gaza” (divisa entre as comunidades rivais do Chapadão e Quitanda), apresentava peso e altura de crianças com um ano e meio (10kg), quando conheceu o mestre de taekwondo José Bastos e o esporte que salvou sua vida.
No entanto, a história começou muito antes de ela ingressar no Projeto Lutando Por Vidas, que é realizado em São João de Meriti na sede da Guarda Municipal. Após dias de internação, profissionais de saúde alertavam a matriarca da família para o risco de a criança ser “especial”. Uma parada cardiorrespiratória ao nascer gerou grave falha no crescimento, devido à falta de hormônio de crescimento (GH), e precisaram ser vencidas com muita fé.
"Ela nasceu muito pequena e quase preta (devido ao problema respiratório). Os médicos perguntavam se eu acreditava em Deus. Sempre acreditei. E, hoje, minha filha está aqui, praticando esporte e sonhando representar o Brasil em uma edição de Jogos Olímpicos lutando taekwondo. Foram os médicos que recomendaram para a Maria Rita um esporte de alta intensidade. Se não fosse isso, ela teria que tomar muito hormônio de crescimento e poderia ter problemas de saúde no futuro", relatou, bastante emocionada, Norma Silvana.
O taekwondo e os exercícios físicos, responsáveis por fazer o GH da menina aumentar, deram novo horizonte para o futuro de Maria Rita, que é fã declarada da medalhista olímpica Natália Falavigna. Em quatro meses, Maria Rita já estava fazendo exame de graduação para faixa amarela. Assim, ela se tornou monitora voluntária do programa LPV. Com currículo vitorioso (22 medalhas) em campeonatos e diversas apresentações em escolas, ela chama a atenção até mesmo do comandante da Guarda Municipal de São João de Meriti, Worton Câmara França Júnior.
“Para a gente é muito importante ter a Maria Rita entre essas crianças que estamos tentando resgatar. Muitos podem tê-la como exemplo e isso se torna um incentivo para os outros terem a direção do bem. E mesmo que não cheguem ao nível da Maria Rita para se tornarem atletas, que sejam cidadãos corretos, que aprendam a ter disciplina e vivam uma boa filosofia de vida. Esse é o nosso desejo para cada um desses jovens no Projeto Lutando Por Vidas, na Guarda (Municipal)”, disse o comandante Worton.
De acordo com o mestre José Bastos, não há ninguém na idade de Maria Rita que consiga fazer o que ela faz. Recentemente (no dia 27 de junho de 2015), a baixinha se tornou, aos nove anos, a mais jovem faixa preta de taekwondo do Brasil.
“Fizemos uma pesquisa e a segunda mais nova tem dez anos e mora em Brasília. Quando meu mestre (José Silva) realizou o exame de faixa preta dela, ele chorou de emoção ao ver o que a Maria Rita apresentou. E ele tem 45 anos de artes marciais” relatou José Bastos.
Após cinco anos de treinos, durante consultas de rotina, os médicos ficaram surpreendidos com a evolução de peso e altura dela. Assim, a menina que dependia de um milagre para viver e, depois, para crescer, já se tornou uma pedra preciosa do taekwondo pronta para ser lapidada. E a prefeitura de São João de Meriti, por meio da Secretaria de Segurança, Transporte, Desenvolvimento Econômico e Ordem Urbana, incentiva o Projeto Lutando Por Vidas.
Fonte Jornal do Brasil
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