Não costumamos pensar na pele como um órgão, mas é isso o que ela é: o maior órgão de nosso corpo, responsável pela troca de calor e água com o ambiente, encarregado de proteger os órgãos internos contra bactérias e de captar e enviar para o cérebro informações sobre calor, frio, dor e tato. A pele tem três camadas, a epiderme (mais externa), a derme e o tecido subcutâneo, mais profundo.
A epiderme é bem fina e, por sua vez, tem três camadas: a superior, formada por células chamadas queratinócitos, a média e a mais interna, formada pelas chamadas células basais.
As células basais dão origem aos queratinócitos também chamadas células escamosas, que produzem queratina e impermeabilizam a pele e, aos melanócitos, células que produzem melanina, o pigmento marrom que dá cor à pele e cuja função é proteger as camadas mais profundas da pele contra os efeitos nocivos da radiação solar.
Negros e brancos possuem a mesma quantidade de melanócitos, mas as pessoas de pele escura produzem mais melanina, especialmente uma chamada eumelanina, mais eficiente na proteção contra os raios ultravioletas (UV) do sol. É por isso que negros e afro-descendentes têm menor risco de desenvolver câncer de pele.
A derme, a camada intermediária da pele, é mais espessa que a epiderme e abriga as glândulas sebáceas, folículos pilosos (as raízes dos pêlos), vasos sanguíneos e nervos.
O tecido subcutâneo às vezes chamado de hipoderme é responsável pela retenção do calor do corpo e funciona como um "colchonete", que absorve impactos e protege os órgãos internos contra choques e pancadas.
Tipos de câncer de pele
Tipos de câncer de pele
O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum e representa mais da metade dos diagnósticos de câncer. São estimados 181.430 novos casos no Brasil em 2016, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Há dois tipos básicos de câncer de pele, os não-melanoma, geralmente das células basais ou das escamosas, e os melanomas, que têm origem nos melanócitos, as células produtoras de melanina.
Os não-melanoma representam 95% do total dos casos de câncer de pele e os dois tipos mais comuns são o basocelular (carcinoma de células basais) e o espinocelular (carcinoma de células escamosas).
O carcinoma basocelular ou de células basais tem origem nas células basais da epiderme e representam 75% dos casos de câncer de pele. É mais comum em pessoas de meia-idade e idosos e geralmente aparece em áreas muito expostas ao sol, como o rosto e o pescoço. Como o hábito de tomar sol e ir à praia por longos períodos se popularizou nas últimas décadas, esse tipo de câncer tem aparecido em pessoas cada vez mais jovens. O carcinoma basocelular se desenvolve lentamente e dificilmente se espalha para outras áreas do corpo, mas exige tratamento mesmo assim. E, entre 35% e 50% das pessoas que tiveram esse câncer de pele vão ter outro num prazo de 5 anos após o diagnóstico. Isso significa que quem já teve câncer de pele tem de fazer um acompanhamento permanente.
O carcinoma espinocelular ou de células escamosas tem origem na camada mais externa da epiderme e responde por 20% do total de casos. Geralmente aparece no rosto, orelha, lábios, pescoço e no dorso da mão. Pode também surgir de cicatrizes antigas ou feridas crônicas da pele em qualquer parte do corpo e até nos órgãos genitais. Carcinomas espinocelulares têm risco maior que o basocelular de invadir o tecido gorduroso, atingir os linfonodos (gânglios linfáticos) e outros órgãos.
Há vários outros tipos de câncer não-melanoma, mas são bem mais raros e representam apenas 1% do total.
Lesões cancerizáveis da pele
A maioria dos tumores de pele são benignos, dificilmente se transformam em câncer, mas é um sinal de que alguma coisa está errada em sua pele e você deve procurar um especialista.
Queratose actínica
São lesões pré-cancerosas provocadas pelo efeito cumulativo da exposição aos raios ultravioleta. Caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas lesões ásperas, avermelhadas ou cor da pele, no rosto, orelhas, dorso da mão, braços e até na cabeça de homens calvos. É mais comum em pessoas de meia-idade e pele clara. São classificadas histologicamente em cinco tipos: hipertrófica, atrófica, bowenóide, acantolítica e pigmentada. Pode apresentar transformação desenvolvendo o carcinoma espinocelular.
Carcinoma espinocelular in situ ou doença de Bowen
É o estágio inicial do câncer de pele de células escamosas. In situ significa que o câncer ainda está restrito ao local onde se originou e se caracteriza pelo aparecimento de manchas rosadas na pele, também provocadas pela exposição ao sol. Clinicamente, caracteriza-se por área eritematosa coberta por crostas, com lesões bem definidas com bordas irregulares. A maioria dos pacientes são idosos e, em um terço deles as lesões são múltiplas. A cirurgia é o tratamento de escolha, com melhores índices de cura, porém a radioterapia, crioterapia e quimioterapia também são empregadas.
Leucoplasia oral
É caracterizada por mancha ou placa branca localizada na mucosa oral ou língua. As lesões são desencadeadas por trauma mecânico (próteses dentárias) ou trauma químico (fumo). A transformação maligna é rara, mas toda lesão leucoplásica na cavidade oral deve ser biopsiada. O tratamento consiste no afastamento do mecanismo de trauma, seja ele mecânico ou químico, e avaliação periódica. Cirurgicamente, podemos realizar biópsia excisional para lesões pequenas e a crioterapia ou eletrocoagulação para lesões maiores.
Carcinoma in situ da mucosa oral
Ou papilomatose oral florida. O diagnóstico histológico é obrigatório. No tratamento cirúrgico das formas localizadas podemos utilizar a crioterapia ou curetagem e eletrocoagulação. O uso do etretinato sistêmico também é realizado com boas respostas.
Queratoacantoma
Assemelha-se clínica e histopatologicamente ao carcinoma espinocelular. Localiza-se de preferência em áreas descobertas como face, antebraço, dorso das mãos e pescoço. Existem formas solitárias ou múltiplas. Há fase de crescimento rápido (4 a 8 semanas), período estacionário e involução espontânea (4 a 6 meses). A exérese total da lesão é importante para o diagnóstico e o exame histopatológico é imperativo.
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