quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O tratamento do câncer de pele deve ser personalizado de acordo com cada pessoa. Conheça os métodos utilizados para proporcionar a conduta mais adequada para cada paciente.
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Não costumamos pensar na pele como um órgão, mas é isso o que ela é: o maior órgão de nosso corpo, responsável pela troca de calor e água com o ambiente, encarregado de proteger os órgãos internos contra bactérias e de captar e enviar para o cérebro informações sobre calor, frio, dor e tato. A pele tem três camadas, a epiderme (mais externa), a derme e o tecido subcutâneo, mais profundo.
A epiderme é bem fina e, por sua vez, tem três camadas: a superior, formada por células chamadas queratinócitos, a média e a mais interna, formada pelas chamadas células basais.
As células basais dão origem aos queratinócitos também chamadas células escamosas, que produzem queratina e impermeabilizam a pele e, aos melanócitos, células que produzem melanina, o pigmento marrom que dá cor à pele e cuja função é proteger as camadas mais profundas da pele contra os efeitos nocivos da radiação solar.
Negros e brancos possuem a mesma quantidade de melanócitos, mas as pessoas de pele escura produzem mais melanina, especialmente uma chamada eumelanina, mais eficiente na proteção contra os raios ultravioletas (UV) do sol. É por isso que negros e afro-descendentes têm menor risco de desenvolver câncer de pele.
A derme, a camada intermediária da pele, é mais espessa que a epiderme e abriga as glândulas sebáceas, folículos pilosos (as raízes dos pêlos), vasos sanguíneos e nervos.
O tecido subcutâneo às vezes chamado de hipoderme é responsável pela retenção do calor do corpo e funciona como um "colchonete", que absorve impactos e protege os órgãos internos contra choques e pancadas.

Tipos de câncer de pele
O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum e representa mais da metade dos diagnósticos de câncer. São estimados 181.430 novos casos no Brasil em 2016, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Há dois tipos básicos de câncer de pele, os não-melanoma, geralmente das células basais ou das escamosas, e os melanomas, que têm origem nos melanócitos, as células produtoras de melanina.
Os não-melanoma representam 95% do total dos casos de câncer de pele e os dois tipos mais comuns são o basocelular (carcinoma de células basais) e o espinocelular (carcinoma de células escamosas).
carcinoma basocelular ou de células basais tem origem nas células basais da epiderme e representam 75% dos casos de câncer de pele. É mais comum em pessoas de meia-idade e idosos e geralmente aparece em áreas muito expostas ao sol, como o rosto e o pescoço. Como o hábito de tomar sol e ir à praia por longos períodos se popularizou nas últimas décadas, esse tipo de câncer tem aparecido em pessoas cada vez mais jovens. O carcinoma basocelular se desenvolve lentamente e dificilmente se espalha para outras áreas do corpo, mas exige tratamento mesmo assim. E, entre 35% e 50% das pessoas que tiveram esse câncer de pele vão ter outro num prazo de 5 anos após o diagnóstico. Isso significa que quem já teve câncer de pele tem de fazer um acompanhamento permanente.
carcinoma espinocelular ou de células escamosas tem origem na camada mais externa da epiderme e responde por 20% do total de casos. Geralmente aparece no rosto, orelha, lábios, pescoço e no dorso da mão. Pode também surgir de cicatrizes antigas ou feridas crônicas da pele em qualquer parte do corpo e até nos órgãos genitais. Carcinomas espinocelulares têm risco maior que o basocelular de invadir o tecido gorduroso, atingir os linfonodos (gânglios linfáticos) e outros órgãos.
Há vários outros tipos de câncer não-melanoma, mas são bem mais raros e representam apenas 1% do total.

Lesões cancerizáveis da pele

A maioria dos tumores de pele são benignos, dificilmente se transformam em câncer, mas é um sinal de que alguma coisa está errada em sua pele e você deve procurar um especialista.

Queratose actínica

São lesões pré-cancerosas provocadas pelo efeito cumulativo da exposição aos raios ultravioleta. Caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas lesões ásperas, avermelhadas ou cor da pele, no rosto, orelhas, dorso da mão, braços e até na cabeça de homens calvos. É mais comum em pessoas de meia-idade e pele clara. São classificadas histologicamente em cinco tipos: hipertrófica, atrófica, bowenóide, acantolítica e pigmentada. Pode apresentar transformação desenvolvendo o carcinoma espinocelular.

Carcinoma espinocelular in situ ou doença de Bowen

É o estágio inicial do câncer de pele de células escamosas. In situ significa que o câncer ainda está restrito ao local onde se originou e se caracteriza pelo aparecimento de manchas rosadas na pele, também provocadas pela exposição ao sol. Clinicamente, caracteriza-se por área eritematosa coberta por crostas, com lesões bem definidas com bordas irregulares. A maioria dos pacientes são idosos e, em um terço deles as lesões são múltiplas. A cirurgia é o tratamento de escolha, com melhores índices de cura, porém a radioterapia, crioterapia e quimioterapia também são empregadas.

Leucoplasia oral

É caracterizada por mancha ou placa branca localizada na mucosa oral ou língua. As lesões são desencadeadas por trauma mecânico (próteses dentárias) ou trauma químico (fumo). A transformação maligna é rara, mas toda lesão leucoplásica na cavidade oral deve ser biopsiada. O tratamento consiste no afastamento do mecanismo de trauma, seja ele mecânico ou químico, e avaliação periódica. Cirurgicamente, podemos realizar biópsia excisional para lesões pequenas e a crioterapia ou eletrocoagulação para lesões maiores.

Carcinoma in situ da mucosa oral

Ou papilomatose oral florida. O diagnóstico histológico é obrigatório. No tratamento cirúrgico das formas localizadas podemos utilizar a crioterapia ou curetagem e eletrocoagulação. O uso do etretinato sistêmico também é realizado com boas respostas.

Queratoacantoma

Assemelha-se clínica e histopatologicamente ao carcinoma espinocelular. Localiza-se de preferência em áreas descobertas como face, antebraço, dorso das mãos e pescoço. Existem formas solitárias ou múltiplas. Há fase de crescimento rápido (4 a 8 semanas), período estacionário e involução espontânea (4 a 6 meses). A exérese total da lesão é importante para o diagnóstico e o exame histopatológico é imperativo.
Por ser um câncer que compromete inicialmente a pele, o diagnóstico precoce pode ser feito na maioria dos casos apenas com exame físico, dispensando a necessidade de exames sofisticados. O diagnóstico precoce é a chave para o tratamento de qualquer tipo de câncer, e também para o câncer de pele.
Várias são as características que podem levar a suspeitar de um câncer de pele: qualquer lesão de pele que apresente características semelhantes às descritas aqui devem ser analisadas por um profissional especializado, para seu correto diagnóstico e tratamento. A auto-medicação não é recomendada, pois aquilo que serviu para o seu vizinho pode não ser o melhor para você, e pior, pode ainda atrapalhar o seu tratamento.

São sinais característicos do câncer de pele:
  • Lesão em forma de nódulo de coloração rósea, avermelhada ou escura, de crescimento lento, porém progressivo;
  • Qualquer pinta na pele de crescimento progressivo, que apresente prurido (coceira), sangramento freqüente, ou mudança nas suas características (coloração, tamanho, consistência, etc.);
  • Qualquer ferida que não cicatrize espontaneamente em 4 semanas;
  • Qualquer mancha de nascimento que mude de cor, espessura, ou tamanho;
  • A avaliação médica, o exame físico minucioso e os métodos diagnósticos auxiliares (biópsia de pele, dermatoscopia) devem ser realizados quando necessário. A Dermatoscopia é um método usado para diagnosticar lesões de pele, incluindo nevos e outras lesões benignas, carcinomas e o melanoma cutâneo e, também, para indicar ou contra-indicar cirurgias.
Dermatoscópio é um aparelho que emite luz halógena e amplia a lesão a ser examinada em 10 vezes. Podemos assim identificar estruturas e atribuir notas às lesões, classificando-as em benignas, suspeitas ou malignas.

Grupos de Risco para o Desenvolvimento de Câncer de Pele:
Vários são os sinais que devem alertar os médicos e pacientes quanto a possibilidade de um indivíduo vir a apresentar um câncer de pele:
  • Pessoas com história pessoal de câncer de pele;
  • Pessoas que possuem familiares que já tiveram câncer de pele;
  • Pessoas de pele clara, olhos azuis ou verdes, cabelos loiros ou ruivos;
  • Pessoas com a imunidade reduzida, por doença ou por medicamentos;
  • Pessoas albinas ou portadoras de algumas doenças que predispõem ao câncer de pele;
  • Pessoas que já se expuseram ou se expõem ao sol excessivamente;
  • Pessoas expostas prolongadamente a raios X, raios ultravioleta, arsênico, ou outros produtos químicos;
  • Pessoas que possuem uma quantidade grande de pintas;
  • Pessoas que possuem cicatrizes há muitos anos, as quais apresentam ulcerações freqüentes.

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