terça-feira, 30 de junho de 2015

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Cientistas brasileiros lideram estudo que pode revolucionar o tratamento do câncer de próstata

29.06.2015
Um estudo iniciado há mais de cinco anos no MD Anderson Cancer Center, em Houston, EUA, por um grupo de pesquisadores de diversos países, entre eles três brasileiros, acaba de ter suas conclusões publicadas em uma das principais revistas científicas internacionais, o PNAS (Proceedings of the National Academy of Science), mostrando o caminho para um salto de grandes proporções no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, o de maior incidência entre homens no mundo todo, inclusive no Brasil.

Wadih Arap e Renata Pasqualini, hoje da Universidade do Novo México, e a equipe de Emmanuel Dias-Neto, do A.C.Camargo Cancer Center, associados a pesquisadores do Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, de San Diego, Califórnia, entre outros, mostraram in vitro e depois em camundongos, que o PCA3 - um marcador específico de câncer de próstata que acaba de ser aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration) e em breve substituirá o já conhecido e inespecífico PSA - interage com o gene PRUNE2 e proteínas presentes no tumor, tornando possível identificar seu grau de agressividade e ajudaria a definir com precisão a melhor terapêutica para o tratamento: cirurgia, quimio e/ou radioterapia, e em que dosagem.

Nos ensaios trazidos no paper, os autores demonstram em modelos animais o êxito em reduzir o tamanho dos tumores de próstata. "Vimos que se aumentarmos a ação da PRUNE2 os animais desenvolvem tumores menores. Desde que o PCA3 foi aprovado pelo FDA é a primeira vez que uma função como biomarcador clínico foi descoberta", destaca Wadih Arap. O cientista Webster Cavenee, diretor do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer de San Diego (Califórnia) e co-autor do estudo, reforça que "a descoberta representa a primeira compreensão dos mecanismos moleculares relacionados ao eixo PCA3/PRUNE2 no desenvolvimento do câncer de próstata humano".

"A definição do papel de PCA3 no câncer de próstata agrega valor à sua importância como marcador diagnóstico e, ainda mais importante, abre novos caminhos terapêuticos", observa Dias-Neto. Segundo o cientista, outras duas proteínas fazem parte do mesmo complexo - P54 e ADAR1 - e também podem ser valiosas para a concepção de novas estratégias terapêuticas. "Ao desvendarmos um complexo envolvendo três proteínas e um RNA aumentamos tremendamente o nosso arsenal de possíveis alvos terapêuticos para este câncer. O PCA3 é uma molécula específica e muito relevante na gênese do câncer de próstata, quando ela se associa a este novo gene que suprime tumores (PRUNE2) ocorrem alterações nos RNAs promovidas pelas proteínas associadas, o que leva ao descontrole da multiplicação celular e ao câncer. Mostramos que se formos capazes de impedir a formação deste complexo conseguimos combater o tumor de modo muito eficiente", explica Dias-Neto.

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