Brasil apresenta ações para enfrentamento do novo coronavírus
Publicado: Quarta, 19 de Fevereiro de 2020, 18h57 Última atualização em Quarta, 19 de Fevereiro de 2020, 19hs
Países-membros do bloco se reuniram em Assunção, no Paraguai. Na ocasião, foi apresentada a expertise brasileira na vigilância de doenças transmissíveis.
Atentos à ameaça global causada pelo novo coronavírus, ministros da Saúde dos países do Mercosul se reuniram, nesta quarta-feira (19), em Assunção, no Paraguai, para definirem estratégias conjuntas no enfrentamento da doença. Na ocasião, também foram discutidas ações para a dengue e sarampo, doenças que vêm causando vítimas entre os países-membros do Mercosul. A III Reunião Extraordinária dos Ministros da Saúde do Mercosul contou com a presença das autoridades do Paraguai, Argentina, Uruguai, além do ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta.
Durante o evento, foi apresentado o contexto epidemiológico da dengue, sarampo e do novo coronavírus na região do Mercosul. Após discussões sobre os dados e estratégias de enfrentamento das doenças, os ministros da Saúde assinaram um projeto de intenções para compartilhamento de informações e tecnologias: “Declaração dos Ministros de Saúde do Mercosul perante a situação epidemiológica de Dengue, Sarampo e Coronavirus (COVID – 2019)”. Atualmente dois casos suspeitos são monitorados pelo Ministério da Saúde do Brasil e 48 casos já foram descartados. O país permanece sem registro da doença.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reforçou a importância do diálogo entre as vigilâncias dos países do Mercosul. “O Brasil atua fortemente com o sistema de vigilância para monitorar e atender possíveis casos confirmados do novo coronavírus, assim como intensifica os esforços para controle da dengue e sarampo. Com cerca de 17 mil quilômetros de fronteira, o Brasil considera importante que os países fronteiriços também tenham sistemas de vigilância eficazes para a identificação rápida de novas doenças”, destacou o ministro da Saúde.
O Ministério da Saúde tem alertado para o fato de que, mesmo que os olhos do mundo estejam voltados para a China, devido ao surto de infecções causadas pelo novo coronavírus, o Brasil tem desafios epidemiológicos ainda mais importantes, como o sarampo e a dengue. Ainda não existe circulação do novo coronavírus no país nem na América do Sul. No entanto, em 2020, o Brasil já registra 338 casos confirmados de sarampo e 1 óbito pela doença. Já em relação à dengue, até 1º de fevereiro, 94,1 mil casos de dengue foram registrados no país, com 14 mortes.
Sobre o sarampo, o ministro ressaltou a cobertura vacinal como medida que deve estar na prioridade dos países. “É matemática, um paciente com sarampo contamina outras 18 pessoas e todos os anos se percebe falhas de vacinação. Então, vai somando ano após ano e você fica com um contingente enorme de pessoas que estão suscetíveis ao vírus. Através da OPAS eu tenho redobrado o esforço para que a gente vacine as áreas de fronteira. O que a gente puder fazer de ações conjuntas é sempre muito importante”, concluiu o ministro.
SITUAÇÃO DA DENGUE
Os países do Mercosul também relataram preocupação com a situação da dengue na região. Espera-se que em 2020 ainda haja alta incidência de casos. Dos mais de 150 mil casos nas Américas até o início de fevereiro, mais de 100 mil correspondem ao cone sul. As autoridades paraguaias apontaram que notificaram mais casos de dengue nas primeiras quatro semanas de 2020 do que no mesmo período de 2019.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, destacou a importância de investimento em pesquisas para doenças como a dengue, comuns em países com clima tropical, como os do Mercosul. “O Brasil tem um trabalho muito grande de pesquisa na área da vacina da dengue com o Instituto Butantan. Estamos chegando muito próximo de ter essa vacina, que deve ser concluída nos próximos anos e será muito importante no enfrentamento da doença”, informou o ministro que também lembrou de outra tecnologia utilizada no Brasil. “Também investimos recursos no Método Wolbachia, que é uma bactéria colocada no mosquito Aedes aegypti que impede que o mosquito transmita a dengue. É um controle biológico e extremamente promissor”, disse.
As autoridades se comprometeram em reforçar as medidas para eliminar os locais de criação de mosquitos, uma ação fundamental para reduzir a transmissão da doença. Os países vão fortalecer a vigilância bem como estabelecer estratégias de gestão conjuntas para o enfrentamento à doença.
PREPARAÇÃO DO MERCOSUL CONTRA O CORONAVÍRUS
As informações sobre casos suspeitos e confirmados na região são compartilhadas com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) em conformidade com o Regulamento Sanitário Internacional (RSI). Os países têm desenvolvido e implementado planos nacionais de preparação e resposta para ativar medidas e ações intensificadas (bem como procedimentos operacionais padrão relacionados), em coordenação com a OPAS/OMS.
Nesse sentido, os países da Região estão fortalecendo medidas para detectar precocemente e responder rapidamente a possíveis casos de COVID-19. Uma das propostas e criar mecanismos de comunicação integrados com as empresas aéreas que operam no Mercosul para ter à disposição os intenerários completos dos viajantes.
CAPACITAÇÃO DE LABORATÓRIOS
O Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizaram, nos dias 6 e 7 de fevereiro, capacitação técnica de representantes de nove países das Américas do Sul e Central para o diagnóstico laboratorial do novo coronavírus. O treinamento foi realizado a pedido da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) como uma ação de cooperação entre os países Latino-americanos.
O treinamento foi conduzido pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, que já atua junto ao Ministério da Saúde e a OMS, há mais de 60 anos, como referência para diagnóstico de vírus respiratórios. Os países que participaram da ação foram: Colômbia, Uruguai, Argentina, Panamá, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai e Peru.
A iniciativa teve como objetivo compartilhar experiências, fortalecer as capacidades de diagnósticos nacionais e regionais e garantir que os países participantes estejam preparados para responder à emergência sanitária com os mesmos protocolos de análise recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e já implementados no Brasil. Atualmente, são considerados laboratórios de referência nacional para diagnóstico do novo coronavírus, o Laboratório de Virus Respiratórios e Sarampo da Fiocruz, no Rio de Janeiro, o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, e o Laboratório Central do Estado de Goiás (LACEN).
Por Vanessa Aquino, da Agência Saúde
Atendimento à imprensa
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